Intimidade:
aquilo que é íntimo, etimologicamente deriva do Latim intimus, um superlativo de in, “em, dentro”. Ou seja, estar na
intimidade é quando se está dentro e se faz parte.
É a
simbiose atingida quando o mundo do outro e o seu se tornam um.
É
quando não existem mais roupas e nem máscaras.
É
quando ambos estão nus, um diante do outro. Desnudados no corpo e na alma.
Intimidade
é a capacidade adquirida de acessar a alma do outro e poder ler seus pensamentos,
interpretar com precisão seus olhares.
É
“ser” descortinado.
É
não precisar terminar uma frase.
É
morar no coração da pessoa e fazer-se morada dela.
É a
ausência que não despede.
É
ser conexão, ponte, caminho... é habitar naquilo que somos; é acontecer
enquanto acontecemos.
Intimidade
é não ficar na aparência e nem se perder na sala dos espelhos; é saber a saída
dos labirintos e conseguir desfazer os nós de quem tenta disfarçar, ainda que
por medo ou amor...
Intimidade
é não sentir vergonha de si mesmo ou do outro — ainda que diante da nossa
mortal e fétida humanidade —é, portanto, a capacidade de não sentir nojo,
de limpar o vômito, por exemplo, ou mesmo de ficar perto da pessoa doente.
É
entender que o outro, na verdade, é quase uma extensão de você e que já não
existe mais só a sua vida, pois um vive no outro.
É
admitir que romper deixará um pouco de você no outro e um pouco do outro em
você.
Intimidade
não é o paraíso e nem o inferno, é a terceira opção.
É
não debater com anjos ou demônios, mas com o humano que somos.
É
saber-se "intimus", "em, dentro". Na intimidade
verdadeira não existe nada fora, tudo é visível, acessível, desnudado, exposto
e explícito!
Ser
íntimo é saber-se inteiro na inteireza do outro que completa em si mesmo a
metade nunca completa do nosso ser e do existir.