sexta-feira, fevereiro 08, 2019

INTIMIDADE


Intimidade: aquilo que é íntimo, etimologicamente deriva do Latim intimus, um superlativo de in, “em, dentro”. Ou seja, estar na intimidade é quando se está dentro e se faz parte.

É a simbiose atingida quando o mundo do outro e o seu se tornam um.

É quando não existem mais roupas e nem máscaras.

É quando ambos estão nus, um diante do outro. Desnudados no corpo e na alma.

Intimidade é a capacidade adquirida de acessar a alma do outro e poder ler seus pensamentos, interpretar com precisão seus olhares.

É “ser” descortinado.

É não precisar terminar uma frase.

É morar no coração da pessoa e fazer-se morada dela.

É a ausência que não despede.

É ser conexão, ponte, caminho... é habitar naquilo que somos; é acontecer enquanto acontecemos.

Intimidade é não ficar na aparência e nem se perder na sala dos espelhos; é saber a saída dos labirintos e conseguir desfazer os nós de quem tenta disfarçar, ainda que por medo ou amor...

Intimidade é não sentir vergonha de si mesmo ou do outro — ainda que diante da nossa mortal e fétida humanidade é, portanto, a capacidade de não sentir nojo, de limpar o vômito, por exemplo, ou mesmo de ficar perto da pessoa doente.

É entender que o outro, na verdade, é quase uma extensão de você e que já não existe mais só a sua vida, pois um vive no outro.

É admitir que romper deixará um pouco de você no outro e um pouco do outro em você.

Intimidade não é o paraíso e nem o inferno, é a terceira opção.

É não debater com anjos ou demônios, mas com o humano que somos.

É saber-se "intimus", "em, dentro". Na intimidade verdadeira não existe nada fora, tudo é visível, acessível, desnudado, exposto e explícito!

Ser íntimo é saber-se inteiro na inteireza do outro que completa em si mesmo a metade nunca completa do nosso ser e do existir.