"Bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus"
— Jesus de Nazaré,
durante um de seus sermões.
No
original, em grego, o "eirénopoios" foi traduzido para
"pacificador", longe de ser o estereótipo daquele que evita ou está
alheio aos conflitos, porém é aquele que corajosamente denuncia o conflito e
declara os termos de Deus aos homens, de que n'Ele nos tornamos inteiros e fora
d'Ele somos partes facciosas.
É
preciso ter a coragem de enxergar a realidade da nossa sociedade injusta, dos
segregados, dos oprimidos, dos marginalizados e, assim, movidos pela utopia* maior e pelo desejo de ver as coisas em seus devidos lugares, tal qual no
Paraíso, sermos os pacificadores, na real significação da palavra.
O
pacificador não é emudecido diante da imposição autoritaresca; não é conivente
às estruturas persecutórias; não é acomodado pelo esconderijo do servilismo;
não é sabujo verborrágico de tiranetes; não é vassalo, pois não reconhece o
direito de ninguém encabrestar o outro, sentindo nisso algum privilégio; não
faz da obediência um escape existencial para o absentismo ético; não é cúmplice
de atrocidades; não é condescendente ao minimizar crueldades; não perpetua vãs
tradições; e não é coparticipe de hierarquias e sistemas entorpecidos.
Justamente
por isso, em muitos textos sagrados, o pacificador é um agitador do Reino no
sistema chamado 'mundo'. O Anticristo virá trazer uma falsa paz. Mas o Reino de
Cristo é Justiça, Paz e Alegria. Não há alegria sem paz, e não há paz sem
justiça.
O
que o pacificador mais deseja não é a mera calmaria para seu conforto pessoal,
mas a harmonia idealizada na Criação.
Seja
chamado de Filho de Deus: proclame a inteireza em Cristo, a integralidade no
repartir do pão e da horizontalidade nas relações humanas de Graça. Condene a
facção, o partidarismo, o fanatismo, a segregação, a marginalização e a
injustiça!
SOLI
DEO GLORIA
P.s. "Utopia" aqui não é no sentido pejorativo de "ilusão", mas no sentido original (etimológico) de "não-lugar", ou seja, como significado de um ideal que não se realizará no agora, no curto-prazo, mas que pode vir a ser construído até o futuro, isto é, a longo prazo.
O evangelista João,
no capítulo seis, nos relata uma passagem muito interessante. Jesus estava no
alto e viu, a baixo, uma multidão com fome de pão. Perguntou a Filipe como
poderia comprar pão para alimentar a todos. Felipe responde, muito antes da
ideia moderna de capitalismo e socialismo que, ainda que trabalhassem por
meses, não conseguiriam acabar com a fome de todos. Jesus queria testá-los.
Seus conceitos humanos estavam viciados. Jesus então, através de uma doação,
ensina o poder da multiplicação. Era um milagre divino que aconteceu através de
alguém que compartilhou o pouco que tinha. Era Deus operando na fraternidade.
Mas ao vê-Lo
satisfazendo algumas demandas da vida [a fome], o povo diz que ele era um
profeta que haveria de vir ao mundo. A povoação via em Jesus alguém que iria
dar um jeito neste mundo e não alguém para dar um jeito em nós e, assim, nos
salvar deste mundo. A multidão quis destituí-Lo, rebaixando-O de Deus para rei.
Queria tomá-Lo à força do alto do monte para reduzi-Lo a um palácio. Acharam
que Seu Governo era temporal e não Eterno. Jesus fugiu do povo que o via como
representação de suas convicções ideológicas e expectativas políticas.
Jesus foge até hoje
destas mesmas pessoas que não O entendem como ‘do alto’, mas querem colocá-Lo à
direita ou à esquerda de suas paixões mundanas. Qual o cristão verdadeiro que
não tem se incomodado com pastores e padres pregando contra pessoas que são da
esquerda, centro ou direita? Com a exaltação nos púlpitos a figura de Bolsonaro
e Trump ou outros césares? Veem nestes governos a consagração dos costumes
ocidentais, a perpetuação da moralidade seletiva e a demonização da
fraternidade como se fosse marxismo.
Além do povo, houve
outro alguém que quis colocar os reinos deste mundo como algo a ser oferecido
aos pés de Jesus. Seu nome é Satanás. Ele ofereceu todos os reinos, pois ele
reconhecia as variações. Poderia ter oferecido o “reino humano”, mas ofereceu
“os reinos”, e ainda oferece:
”E o diabo,
levando-O a um alto monte, mostrou-Lhe num momento de tempo todos os reinos do
mundo. E disse-Lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória;
porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero”.
Todos os reinos
humanos, Satanás disse, são dele, porquanto o homem lhe entregou. Não se
surpreenda se Satanás oferecesse o tal “Brasil conservador” na lista de um dos
seus reinos, ou você pensa que somente os reinos progressistas são dele? Jesus
não morreu por modelos políticos, ele morreu por homens de todos os reinos,
tribos, línguas e nações.
Ao enaltecermos em
nossos púlpitos os governos humanos existentes, estamos fazendo como Caim e
oferecendo as obras de nossas mãos ao senhor em vez de sermos como Abel e
confiarmos apenas no holocausto. Sim, o púlpito é um altar e nós somos
sacrifícios vivos em louvor a sua Glória, porquanto rejeitamos os governos
temporais deste mundo para vivermos o Evangelho d’Aquele que é Eterno. Quando,
porém, no altar, o sacerdote apresenta para a igreja o poder e a gloria de seus
líderes humanos, estão sendo não os representantes do Reino de Jesus, mas
sacerdotes de Satanás, o deus deste século. Pode soar forte o que digo, mas
enquanto não acordarmos para a realidade de que não há esperança neste mundo
fora de Jesus, ou aceitarmos isto em parte, isto é, acreditarmos que a salvação
do mundo também está no modo de César nos governar, seremos tão pagãos quanto
todos os povos que não ouviram falar de Jesus e do seu Evangelho. Seremos como
aqueles que confundiram Jesus como expressão política.
Há uma revelação
escatológica que, ao tocar da sétima trombeta, os salvos dirão, do alto, que
“os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará
para todo o sempre”.
Pode parecer a
mesma coisa, mas não é.
Aqueles que
anunciam, junto a Satanás, que os poderes, as glórias, os modelos econômicos,
as justiças, as moralidades e as coisas destes reinos do mundo possam ser
incorporados ao Reino de Jesus e ofertados aos seus pés, estão em oposição
diametral àqueles que dizem que são estes reinos que devam ser de Jesus e para
Jesus e não Jesus destes reinos e para estes reinos.
Muitos cristãos
acreditam que lhes cabem o direito de anatematizar o próximo por não adotar um
sistema teológico idêntico ao seu. Baseiam-se em Paulo que nos ensinou que
qualquer um que nos anuncie um outro evangelho seja anátema (maldito).
Digo o que Paulo
diz: que seja anátema quem trouxer o evangelho para além ou aquém do Evangelho
Único, o de Jesus! O Evangelho não é sistema teológico, mas a encarnação do
Deus Vivo, sua morte e ressureição.
O Evangelho AQUÉM é
aquele que faz supressão do ensino e do espírito de Jesus nas práticas do
Evangelho.
O Evangelho ALÉM é
aquele que faz acréscimos.
Vejo muitos
cristãos, padres e pastores que querem diminuir as implicações do Evangelho a
fim de que ele, o Evangelho, caiba nas tradições e nas concessões do modo
político de pensar nas várias áreas da vida.
Deste modo, não sou
contra que o cristão seja um cidadão terreno, mas que não confunda sua
cidadania terrena com a celestial. Paulo era um cidadão romano, contudo nunca
se ouviu dele dizer que Roma deveria ser uma Igreja ou que César deveria passar
a representar os cristãos e os bons costumes.
O Apocalipse trata
a Política como uma Potestade; e que, portanto, quem quer que com ela se
envolva, saiba que anda no chão da perversidade, da mentira, da traição, do
engano, da imagem, e da mais profunda indução à hipocrisia como culto à
preservação da imagem e à idolatria como culto ao poder.[1]
Os cristãos de
esquerda, meus irmãos, podem estar equivocados em muitas coisas e eu próprio
não sou de esquerda. Todavia observo os cristãos de direita, também meus
irmãos, vilipendiando àqueles, dizendo que não são de Cristo, pois não fazem
parte do seu ponto de vista político, por não terem votado em Bolsonaro ou por
não o apoiar. Isto, meus irmãos, é deslocar Jesus do alto para reduzi-lo ao
pensamento moderno de direita; é destrona-Lo do posto de Salvador do mundo,
para colocá-Lo como líder partidário, guru ideológico e deus deste século. Quando cristãos de direita dizem que é impossível ser cristão e de esquerda, estão negando a Cruz de Cristo como único meio salvífico e, assim, assumindo que a ideologia politica é um meio de se achegar a Deus.
Jesus fugiu daquele
povo, pois seu caminho não era um trono, mas a cruz. Se você é um cristão de
Direita que acredita e profetiza que a salvação do Brasil é ter Bolsonaro na
cadeira presidencial e a salvação do Mundo é ter Trump reeleito; ou se você é
um cristão de Esquerda que acredita que Lula e Biden são a salvação, então você
é ainda pior do que aqueles que queriam coroar Jesus como rei de Israel. Vocês
coroariam César como salvador do Mundo, em nome da defesa dos ‘costumes
civilizados’ em detrimento dos bárbaros e suas ameaças culturais.
Ao anunciar os
"ideais da direita" como as boas e novas notícias para o mundo, os
cristãos, tornaram-se anátemas daquilo que acreditam defender.
Voltemos ao
Evangelho.
SOLI DEO GLORIA
Referência:
[1] JESUS E O TEMA POLÍTICO: Jesus e Jesuses. Pastor Caio Fábio.
O pastor batista Ed René Kivitz tem sido acusado por uma horda de caluniadores, com um vídeo recortado e fora do contexto, de que Jesus teria oferecido o seu sêmen a mulher samaritana naquela célebre conversa que ambos tiveram sozinhos no poço. É mentira! O que ele diz é que a mulher poderia ter, no início da abordagem, interpretado Jesus de forma diferente, pois ela era uma adultera acostumada com homens que a vissem e tratassem apenas como objeto sexual, mas que depois ela percebe que Ele era diferente de todos os homens. Apoio a possibilidade desta interpretação e para isso elenco 15 pontos que fazem esta defesa.
PRIMEIRO PONTO: não coloco vídeo recortado, como injustamente fazem todos, coloco a mensagem completa, do início, a baixo:
SEGUNDO: é interessante como lemos as Escrituras e admitimos que os irmãos de Jesus não criam que ele era o Messias, que os fariseus achavam que Jesus curava por demônios. Ou seja: admitimos que Jesus foi interpretado como farsa, endemoniado, bruxo, bêbado e era associado a prostitutas.
TERCEIRO: que admitimos a ideia de que o Livro de Cantares pode ter uma interpretação tanto sexual quanto espiritual.
QUARTO: que a mulher samaritana não estava esperando um Messias para a salvar e que estava acostumada com homens que a procuravam apenas como objeto de satisfação sexual.
QUINTO: que Jesus, antes de falar com a mulher Samaritana, despistou os discípulos mandando-os comprar pão, pois eles não estavam aptos, ainda, para que vissem Jesus rompendo as fronteiras étnico-raciais, de gênero, religiosas, de classe, e geracionais e provavelmente se intrometeriam no diálogo, a condenando pela vida de imoralidade sexual ou censurando.
SEXTO: que admite-se a noção de repugnância que os fariseus tiveram quando viram que uma pecadora beijou os pés de Jesus, pecadora que havia usado a sua mesma boca e corpo, dias ou horas antes, de forma pecaminosa, inclusive com este dinheiro adquiriu o óleo perfumado que o ungiu.
SÉTIMO: que sabemos que Jesus disse com todas as letras que "as prostitutas" entrariam no Reino dos Céus, primeiro que os fariseus.
OITAVO: que Jesus era homem, macho, completo, com todos os órgãos sexuais e de excreção, e que foi crucificado nu diante de todos e que as mulheres foram até a Cruz e viram-no ali, nu.
NONO: que o profeta Oseias casou-se com uma prostituta, foi traído por ela e saiu gritando nas ruas, na linguagem de hoje: “assim como eu fui corneado pela minha mulher, vocês têm corneado a Deus quando se relacionam com outros povos e seus deuses”
DÉCIMO : que Ezequiel, ao tratar de Israel, esposa de Deus, disse que ela desejou amantes com genitais grandes como de jumentos e ejaculação (fluido) como de cavalos. (Ezequiel 23:20)
ONEZIMO: que Nicodemos, um mestre da Lei, chegou a pensar que o "nascer de novo da água e do Espírito") significaria que ele deveria ser reintroduzido no ventre da mãe, talvez por uma relação sexual gerando um parto normal com o rompimento da bolsa d’água (que hoje todos sabemos que é no sentido espiritual, não físico-literal, mas um mestre não sabia)
DUODÉCIMO: admitimos também que na língua portuguesa a palavra “gozo” está relacionada ao orgasmo humano e se eu disser para uma moça: “entre no gozo do seu Senhor”, ela poderia interpretar de maneira errada e não “gozo” como “alegria”
TREDÉCIMO: que no CD da Banda Voz da Verdade, tiveram que colocar um asterisco em “CHUVA DE SANGUE” explicando que: “mas lá em Gósen” era uma cidade egípcia [e não, um homófono de “gozem”, do verbo “gozar”], sabendo que no século XXI a interpretação do leigo que ouviria poderia ser esta: sexual/pornográfica.
DÉCIMO QUARTO: mas não queremos admitir a hipótese de que, de início, pode não ter havido uma compreensão por parte daquela que era mulher, adúltera e samaritana, de que Jesus era diferente dos outros homens, e de que ela não teria estranhado a sua abordagem, como um judeu interessado nela? Não queremos admitir a hipótese de que ela não teria de início entendido que “água” e “fluido”, “vivo e dentro dela”, era uma linguagem santa e espiritual? Ou seja: um doutor da Lei não entendeu, mas ela entendeu de primeira?
ÚLTIMO PONTO: Para quem não entendeu o título da mensagem, assista. Mas, como quem prefere tacar pedra que aprender, eu resumo: como expliquei acima, no Velho Testamento, Deus exigia fidelidade de Israel, ela deveria relacionar-se somente com Ele. Ela não o fez e O rejeitou, Deus então a trata como promíscua. Deus trata o culto como relação sexual: cultuar outros deuses era como adultério. No Novo Testamento, porém, Jesus não se relaciona só com judeus, ele fala com samaritana, romanos e gregos, e vai além, aceita a adoração destes, como culto à sua pessoa. Promiscuidade é a convivência com diferentes pessoas em situações adversas, é ser misturado, heterógeno... Jesus foi rejeitado por Israel e vai se relacionar com outra noiva: os gentios. Daí o jogo de palavras: “Jesus é o Deus que se promiscuiu, relacionando-se com outros povos”.
Há como negar os pontos levantados aqui? Por qual razão chamar um pastor que está ensinando teologia para a sua Igreja de herege e blasfemo?
Com muita perplexidade eu faço esta publicação. Quanto mais o tempo passa, mais enxergo a distância que se alonga da minha capacidade de compreensão da dos meus irmãos. E falo isso com muita tristeza no coração, pois alguns são mais velhos e são superiormente hierárquicos. Me questiono se lemos a mesma Bíblia.
Quem quiser refutar os pontos levantados, sinta-se à vontade. Mas por gentileza, sem adjetivos e ofensas, contudo com uso de argumentos bíblicos, históricos e lexicográficos.