Vivemos
em um mundo onde a desconfiança é a senhora dos corações.
Crescemos ouvindo conselhos de nossos pais sobre o cuidado que devemos ter ao não confiar em estranhos.
Crescemos ouvindo conselhos de nossos pais sobre o cuidado que devemos ter ao não confiar em estranhos.
Criamos, então, opiniões sobre quase tudo, opiniões que juntas dão um quase nada.
Defendemos a meia-certeza como sendo uma verdade inteira. A mera hipótese da admissão da ignorância sobre determinado assunto apavora-nos, pois precisamos ter uma resposta mínima para qualquer coisa, nem que seja uma invenção da cabeça.
Defendemos a meia-certeza como sendo uma verdade inteira. A mera hipótese da admissão da ignorância sobre determinado assunto apavora-nos, pois precisamos ter uma resposta mínima para qualquer coisa, nem que seja uma invenção da cabeça.
O
silêncio seguido da pergunta nos incomoda, pois tememos por não haver em nós as certezas e, deste modo, nos apegamos nas respostas prontas artificialmente, ainda que elas não preencham o
vazio da incerteza.
Aprendi
que o vazio da dúvida só pode ser preenchido pelo silêncio, ou pela verdade. As teorias e suposições são sempre as respostas escolhidas pelo desespero de quem teme pelo mistério
reticente.
Quando as nossas certezas são questionadas por fatos, filtramos estes mesmos fatos pelos laços familiares,
culturais, religiosos e afetuosos, e deste modo, certamente que nenhum fato jamais
terá a eficácia de esvaziar uma certeza. Quando certeza e fatos colidem, o
fato deveria sair vitorioso, mas não é o que acontece.
Diante do futuro, recorremos ao passado.
Diante do futuro, recorremos ao passado.
Diante
de um argumento sólido, queremos nos sentir livres para defender nossas (in)certezas,
mesmo que para isso sejamos contraditórios; desconectados da realidade e
inconsistentes. Preferimos a alienação aconchegante a pisar o chão frio do hiato no fato.
A alienação, na mente do alienado, sempre lhe parece ser a liberdade, mas não há
liberdade sem vulnerabilidade, pois o excesso de segurança somente nos enclausura
num esquema que criamos para nos manter longe do desconhecido. Pois assim fomos
criados: “não confie em estranho”, mas também não fomos educados a "desconfiar daquilo ou de quem conhecemos".
Na
tempestade da razão nos apegamos as convicções; não queremos abandonar o fundamento
que nos sustenta emocional e sentimentalmente. No fim, todos querem evitar a
loucura de se verem nus.
Nos
cobrimos de razão, ceticismo e argumentos para esconder nossa vergonha. Tememos
nos despir de nossas certezas, pois sem elas nos vemos como somos, almas
perdidas na imensidão deste mundo.
Sem
nossa lógica, nossa razão, e nossa “explicação” para tudo, perdemos a significância
humana, e somos reduzidos a pó nesta vastidão eterna.
Brilhante! Resumidamente como explano a todos: é simples, fácil e sensato ao comodismo de negar ou rechaçar o desconhecido por ser leigo, de que, procurar a verdade, estudar o assunto e enaltecer oque todos desconhecem (...) logo, somos julgados como insanos por, desatar inverdades e opinar contrário a multidão dispersa.
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