era uma vez uma igrejinha
Assembleia do Silêncio
lá reinava a ladainha
e o inábil seu tangencio
despojada de amor
abastada de cumplicidade
seus dias eram de dor
suas tardes de crueldade
seus cultos de clamor
suas noites de insanidade
levitas em gabolice
doutrinas de injustiça
princípios de canalhice
exercito de gente omissa
na Assembleia do Silêncio o pensar é proibido
facilita na alienação e no juízo coibido
ali o sacerdote pensa mais no cajado
do que no seu rebanho
seu pensar barlaventejado
contemporiza enquanto apanho...
sua meta é impressionar seus superiores
fariseus afarinhados no mesmo saco
reis, bispos, presidentes e diretores
ternos, carros, mansões e amantes de casaco
decidi acordar as ovelhas do saudosismo bucólico
subi no alto e gritei aos moribundos
não me ouviram as concubinas do sistema diabólico
império de fariseus
Jesus crucificado
novos coliseus
silêncio justificado
peças de museus
membro domesticado
líder semideus
costume aplacado
foi aí que decidi viver a fé com tal bravura
botei fogo na mentira e deixei a fumaça manifesta
precisei de combatentes e lancei a candidatura
zonzos e perdidos, fugiram pela única fresta
acabou que num domingo
subi naquele altar
sem medo de xingo
pus-me a falar
Arrasei a Assembleia do Silêncio
e o inábil seu tangencio
quando então levantei os dedos
e detonei a bomba dos segredos!
William Frezze