sábado, dezembro 25, 2021

Quando Jesus se torna um mero ídolo, todo o Natal é pagão

Eu sempre me questionei do absurdo que foi uma Alemanha cristã quase exterminar os judeus. Nunca fez sentido para mim, pois os alemães adoravam o Rei dos Judeus, e aniquilavam o seu povo. Incoerente e louco.

Até que descobri, recentemente, que teólogos alemães, comprometidos com a ideologia nazista, inclusive através do juramento de lealdade que fizeram ao Führer, potencializaram no imaginário popular a ideia de um jesus ariano, sendo esta ideia ainda tímida antes da ascensão de Hitler e desavergonhada no auge do nacional-socialismo.

Eis aí a resposta: o maior sinal da desgraça dos fins dos tempos é a apostasia, não?! É quando a igreja só tem a alcunha de cristã, mas não carrega mais a essência do Cristo. E isso tudo começa quando nos esquecemos de quem Jesus é e passamos a servir o jesus que nós gostaríamos que ele fosse, criamos, então, deste modo um deus conforme a nossa semelhança: um ídolo.


Eles tinham o Jesus Ariano para ser seu ídolo. Ano passado eu ouvi um pastor defender Bolsonaro vendendo à sua igreja um Jesus capitalista e de direita. Há gente na esquerda que afirma que Jesus era mesmo um comunista (teria Jesus lido Marx ou Lênin? Rs). Tem até o jesus hippie, este nasceu 1930 anos atrasado. Movimentos negros mais radicais juram que jesus era mesmo um negro africano. O Movimento LGBT levou as ruas um jesus transexual, com os peitos siliconados expostos. Conservadores veem em Jesus um Justiceiro. Progressistas veem em Jesus um liberal.

 

Estão todos a adorar, invocar, ou referenciar, não o Jesus dos Evangelhos, mas seu próprio deus político e ideológico. Mamon não é apenas dinheiro, como muitos pensam. Mamon quer dizer “posse”, “bens terrestres”. Cada um tem seu bem terrestre favorito. Os alemães tinham a ideologia como seu Mamon, era a sua maior riqueza, e estava tão acima de Jesus a ponto de acreditarem em um jesus que era do mesmo nível do tesouro deles. Assim como o tal jesus capitalista, comunista, e outras variantes do multiverso da heresia.

 

Durante muito tempo a idolatria foi atribuir a identidade correta (bençãos de Deus) ao nome errado (Baal e outros). Hoje em dia a idolatria é o contrário, atribui-se a identidade errada (ideologias) ao nome certo (de Jesus).

 

“Deus é transformado em ídolo quando é confinado aos limites de imagens, locais, pessoas, ritos, símbolos, seres ou qualquer outra coisa que dê a Ele uma medida, pois Deus é o Ser-Em-Si, não sujeito a tempo, espaço e modo. Deus é Espírito”, já lecionava o mestre Kivitiz.

Quando Jesus se torna um mero ídolo, todo o Natal é pagão, mas todo o Natal é santo quando o Cristo verdadeiro nasce em nosso coração, atos e palavras de amor e perdão.

Que neste Natal possamos conhecer ao Jesus real, que não é direita, nem de esquerda, mas do alto. Deus que se fez homem, Pai que se fez filho, Eterno que se fez mortal, ressuscitado dentre os mortos, atuante por meio de seu Espírito, revelado nos Evangelhos, prometido aos judeus para alcançar aos gentios, Rei dos reis, Senhor dos senhores cujo Reino não é deste plano, em nenhum nível, porém é Salvador e Redentor do Mundo e de todo o Universo criado.

 

Glória, Louvor e Honra ao Verbo que se fez carne e habitou entre nós.

Anátema seja a palavra feita ideologia que desune e destrói a todos nós.



sexta-feira, outubro 22, 2021

SE TIVER QUE PARTIR

Se eu deixasse hoje a existência,

sei que deixaria memórias também,

mas não a saudade.

Sei que o plano crítico se dissolveria mais rápido que a putrefação de meu tecido;

e grifar-se-iam todas as qualidades minhas.

E, então, ouviria na morte o que não ouvi em vida.

E receberia, enfim, no além, aquilo que dei no aquém.


Se eu fechasse hoje os olhos para luz,

sei que deixaria de brilhar também,

mas não mais teria que lidar com a escuridão em mim.

Sei que apagar-se-iam os holofotes que destacam os percalços meus;

e, então, as velas seriam acesas em sacro vagar.

E eu seria visto, enfim, pelo melhor que dei, não pelo pior que vivi.


Se hoje eu cerrasse as cortinas do palco da vida,

sei que perderia o protagonismo também,

mas não teria mais que atuar.

Sei que as vaias diluir-se-iam ante os aplausos de quem apenas percebe-se ao fim.

E, então, eu saberia o que sabem, mas não o fazem saber.

E eu compreenderia que não importa o que recebi ou dei, mas apenas o que vivi.

 

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