Quando as últimas horas de um ano se dissipam, o tempo nos olha nos olhos e murmura:
“Eis a tua chance de recomeçar!”.
Na transição entre o que foi e o que será, carregamos as marcas de um ciclo que se despede — algumas cicatrizes que nos lembram das batalhas vencidas, outras gravuras da alegria que nos transformaram. Para mim, 2024 foi mais do que um calendário que finda; foi uma forja em que a dor e o amor, a queda e a superação, o efêmero e o eterno, o erro e o acerto, o pecado e o perdão se encontraram.
Ao olhar para trás, vejo que 2024 não foi apenas um ano que vivi; foi um ano que me moldou. O tempo, este mestre imponderável, esculpiu em mim novos contornos, com paciência e severidade, novas marcas e cicatrizes, me lembrou que a vida é um fluxo contínuo e que cada escolha, cada renúncia, cada erro, cada acerto é uma pincelada em nossa tela. Ele avança implacável, derramando-se sobre nós como um rio que jamais repete suas águas. E nós, pequenas embarcações flutuando nesse fluxo, temos apenas duas escolhas: resistir ao inevitável ou aprender a navegar com propósito. Em cada amanhecer, somos convocados a escolher entre a paralisia do passado, a ansiedade do futuro ou a plenitude do presente.
Em 2024, vi que ser inteiro é ser vulnerável; e vi que amar é um risco, mas também pode ser o maior de nossos acertos. O nosso Oleiro nos chama a cada instante, não para sermos os mesmos, mas para reconhecermos que somos obra inacabada, talhados pelo vento das escolhas e pelo fogo das circunstâncias.
No palco da vida, cada ano nos oferece, ainda que involuntariamente, a possibilidade de um roteiro novo. Alguns capítulos nos ensinam sobre a fragilidade e a força. Este ano, meu corpo foi desafiado a resistir: dengue, pneumonia, uma cirurgia para remover algo que não foi apenas a despedida de algo físico, mas um símbolo do que precisava ser deixado para trás. O peso das internações, a insistência da febre, o amargo dos medicamentos, a fragilidade revelada em uma cama de hospital — tudo isso foi lição e testemunho. Este foi o ano em que menos dormi em minha vida. Cada amanhecer carregava em si a força da resiliência e a promessa de um novo que renascia.
Ao mesmo tempo, 2024 trouxe uma primavera inesquecível, talvez a mais sublime da minha existência. Aline Louyse e Aylla Lianna, minhas filhas gêmeas, chegaram como duas estrelas cadentes iluminando a noite da minha alma. Aline, com seu olhar curioso que a tudo observa, mas que com esses mesmos olhos também sorri, parece já flertar com as luzes da vida; Aylla, mais introspectiva, guarda sua alegria como um tesouro para aqueles que a conquistam, sendo a nossa caçulinha, ainda que por dois minutos de diferença, ela se entrega às luzes que a envolve. Elas são poesia viva, escritas no idioma universal do amor, uma parecida mais com a mãe e outra mais parecida com o pai.
"Pai"... Este ano também ouvi não só muitas vezes essa palavra em referência à mim, como também, pela primeira vez, ouvi uma de minhas filhas dizer: "papa", enquanto me chama, empolgada em amor, como seu eu fosse a melhor pessoa do mundo para ela! Enquanto a outra, por sua vez, chama pela "mãmã", pois sua mãe é a única coisa nesse mundo que realmente importa.
Ser pai pela primeira vez, e de duas meninas tão únicas e especiais como Aline e Aylla, é como descobrir que o coração se expande em dobro, aprendendo que a paternidade é um ato constante de se perder no amor para se reencontrar inteiro, como em um propósito divino prescrito nas estrelas por aqu'Ele que é Eterno.
E Sand , educadora e mãe acima de qualquer expectativa, entregue de corpo e alma, minha companheira, cuidou de mim durante todo o tempo em que adoeci, mesmo quando, por vezes, ela própria estava doente, com duas filhas recém-nascidas para cuidar e amamentar. Em minha fraqueza, ela foi a minha fortaleza, revelando ainda mais de sua beleza ao assumir o papel de esposa e mãe com a graça de quem transforma o ordinário em extraordinário. Ao lado dela, a casa que construímos é mais do que um abrigo — é um templo de risos, aprendizados, respeito e admiração mútuos, cumplicidade, compreensão e fé.
Meu trabalho na William Frezze Advocacia foi um espelho este ano. Enfrentar a balança da justiça é enfrentar também o reflexo de quem somos. Cada causa que defendi não foi apenas um processo jurídico; foi um lembrete de que lutar por justiça é lutar por humanidade. Ser a face da William Frezze Advocacia é carregar a responsabilidade de um nome que preza pela integridade e pela representação 'ius postulandi'. Em cada contrato firmado, em cada consulta, respiro o orgulho de liderar um escritório que é extensão de quem sou.
Que 2025 seja como uma safra de vinho novo, fermentado na sabedoria de quem sabe que o passado ensina, mas é o presente que se vive. Que sejamos odres novos para receber o espírito de transformação. Que cada dia seja uma página a ser escrita, uma chance de sermos melhores. Que seja como um campo fértil, pronto para receber as sementes de nossos sonhos e esforços. Que eu possa ser ainda mais presente para aqueles que amo, mais sábio em minhas decisões e mais humano em minhas relações. Que eu continue abraçando o presente como um tesouro, aprendendo com o passado e construindo o futuro com as mãos firmes de quem acredita no que faz.
Eu posso dizer que em 2024, não fui apenas espectador do tempo; fui coautor de uma história que carregarei como legado.
Que em 2025, tenhamos sabedoria para escolher o presente — esse raro e frágil tesouro — como o único palco onde a vida realmente acontece.
Afinal, não somos apenas cronômetros de horas vividas, mas arquitetos de significados. Que cada escolha seja mais do que uma decisão prática; que seja um ato de fé. Que cada renúncia carregue em si a nobreza de quem entende que abrir mão também é uma forma de ganhar. Que cada sorriso seja genuíno, cada lágrima honesta, e cada abraço, uma ponte entre almas. Que não nos faltem palavras para agradecer, coragem para recomeçar e leveza para seguir. Porque o tempo pode até ser implacável, mas o que fazemos com ele é eternamente nosso.
À minha família, amigos e clientes, não apenas um “feliz ano novo”, mas um desejo profundo: que encontremos na vida a beleza do inesperado, a força no amor e a paz na conexão humana. E que, ao final de cada dia, possamos olhar para trás e dizer:
“Fiz valer a pena”.
Vamos juntos, com coragem e esperança, pintar 2025 com as cores da alma.
Feliz Ano Novo!
— William Frezze