sábado, janeiro 11, 2014

Assembleia do Silêncio!

Era uma vez uma igrejinha,
Assembleia do Silêncio.
Lá reinava a ladainha,
E o inábil seu tangencio.

Despojada de amor,
Abastada de cumplicidade,
Seus dias eram de dor,
Suas tardes, de crueldade.
Seus cultos, de clamor,
Suas noites, de insanidade.

Levitas em gabolice,
Doutrinas de injustiça,
Princípios de canalhice,
Exército de gente omissa.

Na Assembleia do Silêncio, o pensar é proibido,
Facilita na alienação e no juízo coibido.

Ali, o sacerdote pensa mais no cajado
Do que no seu rebanho.
Seu pensar, barlaventejado,
Contemporiza enquanto apanho...

Sua meta é impressionar seus superiores,
Fariseus afarinhados no mesmo saco.
Reis, bispos, presidentes e diretores,
Ternos, carros, mansões e amantes de casaco.

Decidi acordar as ovelhas do saudosismo bucólico.
Subi no alto e gritei aos moribundos.
Não me ouviram as concubinas do sistema diabólico,
Seus ouvidos eram surdos, seus corações infecundos.

Império de fariseus,
Jesus crucificado.
Novos coliseus,
Silêncio justificado.
Peças de museus,
Membro domesticado.
Líder semideus,
Costume aplacado.

Foi então que decidi viver a fé com bravura.
Botei fogo na mentira e deixei a fumaça manifesta.
Busquei combatentes e lancei minha candidatura,
Mas zonzos e perdidos, fugiram pela única fresta.

Num domingo qualquer,
Subi naquele altar.
Sem medo de me perder,
Pus-me a falar.

Arrasei a Assembleia do Silêncio,
E o inábil seu tangencio.
Quando então, levantei os dedos,
E detonei...
A bomba dos segredos!

Um comentário:

  1. William Frezze, Parabéns. Texto coerente, você é um escritor Exímio; deveria escrever um Livro.

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